domingo, 18 de novembro de 2018

Macroeconomia



Macroeconomia no trabalho do futuro

Já é possível observar que as novas gerações não têm mais como valor importante estabelecer uma relação de longo prazo com uma empresa. Ou seja, manifestam claramente que administrar a carreira é assunto da responsabilidade do próprio indivíduo. Estão menos preocupados com adotar um "sobrenome" corporativo para a vida toda.  Os desafios no campo da previdência também se mostram radicais. Permanecer na vida ativa por muito mais tempo já é hoje uma realidade em muitas culturas. Paralelamente, cada um deverá criar identidades profissionais, tanto de forma simultânea ao percurso do trabalho como também considerando projetos de vida que assegurem um futuro.

O aumento dos índices de longevidade vai requerer também radicais mudanças nos hábitos e costumes nas áreas, tanto financeira como de cuidados físicos e com a saúde. Claramente a dependência de algum sistema público de previdência já se mostra obsoleto e crítico hoje.

Em relação ao futuro, caberá a cada um criar reservas, patrimônio e gestão financeira de forma preventiva. Na área da saúde, além de estar mais atento a este tema desde muito cedo, uma postura preventiva requer a contratação de um  plano médico que possa cobrir as despesas que tendem a se tornar bem maiores com o passar do tempo e da vida.

Existem, no entanto, várias evidências de que o mercado de trabalho está sendo bastante afetado. Nos Estados Unidos ocorreu uma forte polarização do mercado de trabalho, com trabalhadores mais qualificados se beneficiando das novas tecnologias, e trabalhadores de menor qualificação que exercem atividades rotineiras tendo queda dos salários e perda do emprego.

Outro fato que aponta nessa direção é a queda da participação da renda do trabalho na renda total, após décadas de estabilidade. Além disso, embora a taxa de desemprego americana tenha retornado ao nível que prevalecia antes da crise internacional de 2008, a parcela da população que se encontra empregada não retornou ao patamar pré-crise.

Esse processo tende a se acelerar nos próximos anos. Segundo a McKinsey, 45% dos trabalhadores americanos exercem ocupações que serão passíveis de automação nas próximas duas décadas. De acordo com o Banco Mundial, a proporção de empregos que poderão ser eliminados pela automação na OCDE é de 57%.

O efeito direto da introdução de uma nova máquina no processo produtivo é substituir o trabalhador que exercia determinada tarefa, aumentando o desemprego. No entanto, o aumento de produtividade resultante da automação reduz o custo de produção e o preço, o que estimula a demanda pelo produto e, consequentemente, o emprego. Além disso, os ganhos de renda real decorrentes da inovação tecnológica criam demanda por outros bens e serviços, estimulando o emprego em outros setores.

Um canal menos conhecido, que também atua no sentido de compensar uma possível perda direta de empregos, é o incentivo ao surgimento de novas atividades intensivas em mão de obra à medida em que o salário real cai com o aumento do desemprego.
Historicamente, as inovações tecnológicas não têm gerado aumento permanente do desemprego, o que indica que essas forças contrárias têm se compensado. No entanto, existem sinais de que isso pode estar mudando.

Mais importante que fazer previsões que tendem a ser precárias, é tentar entender por que as novas tecnologias podem ter um efeito mais persistente sobre o emprego. A razão mais importante é que elas são bastante intensivas em capital humano. Por isso, a inclusão efetiva da população no processo produtivo vai exigir uma reformulação abrangente do sistema educacional e do treinamento dos trabalhadores.

Outra dificuldade é que, embora as inovações tecnológicas criem novas oportunidades de trabalho, elas não surgem necessariamente na mesma localidade. Isso implica em custos de deslocamento que podem ser substanciais, especialmente no atual contexto de obstáculos crescentes à imigração.

Uma terceira razão é que, para que os trabalhadores que perdem o emprego possam ocupar novas vagas em outros setores, é preciso ter um ambiente de negócios favoráveis, que facilite a realocação dos recursos. Nesse sentido, o aumento da regulação e da intervenção do Estado na economia, verificado em vários países após a crise internacional, pode dificultar o processo de adaptação das economias às mudanças tecnológicas.

“O trabalho se torna cada vez mais ‘on demand’ [sob demanda] porque essa é a flexibilidade que o mundo digital impõe”  “Mais e mais empregos vão ser eletrônicos, ultrapassando qualquer relação trabalhista envolvendo empregador-empregado”. Sem vínculos duradouros com o empregador, as ocupações flexíveis mudam a maneira que o trabalhador recebe seu pagamento, sem férias remuneradas e outros benefícios. 

É a lógica da gratificação instantânea. “O principal inimigo é o estado”. Segundo o economista britânico GUY STANDING, Professor da Universidade de Londres, isto acontece porque a instituição estatal dá forma a políticas sociais que forçam o colaborador a se comportar de certas maneiras, bloqueando determinadas atividades. “É o governo que aplica as ‘condicionalidades’ nos benefícios, ou dá prioridade para certos subsídios para os ricos ou para as corporações, e não para o  colaborador”.

Para Octavio de Barros, o fato de o trabalhador ficar responsável por uma atividade específica do sistema produtivo está deixando de ser uma realidade, e níveis hierárquicos cairão ainda mais.  A renda básica só seria uma solução, na visão do sociólogo, se a política estiver acompanhada pela redução da conta da taxa de juros. “Você vai colocar mais renda na base da pirâmide e eliminar aquilo que é a regra hoje em dia. A taxa de juros do governo é uma maneira de você tirar dinheiro do pobre e dar para o rico”. 

Para  Barros, entre as instituições sociais que precisam de uma atualização está a
organização sindical dos trabalhadores. “Os próprios sindicatos, em países como a Alemanha, já se deram conta de que precisam se envolver mais nessas transformações que eliminam as fronteiras entre indústria e serviços.”

A crítica sobre o modelo de sindicato também é ecoada por Braga. Segundo o sociólogo, eles são muitas vezes hostis ao trabalhador e não tem capacidade de representar o empregado colaborador. “A forma sindical não tem condições de negociar com as empresas em nome deles, ou os que negociam são sindicatos muito frágeis, por exemplo terceirizados.

Na visão de Braga, as reformas que estão em tramitação no Congresso Nacional brasileiro formam uma agenda oposta às proteções ideais ao colaborador. “Você tem que apostar em uma previdência social mais inclusiva, tem de cortar a taxa de juros, baratear a dívida pública, apostar na proteção do trabalhador porque isso diminui a desigualdade e consequentemente gera emprego”, lista o pesquisador, que também defende uma redução da jornada de trabalho, para obrigar empresas a contratarem mais gente.



Bibliografia







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